A minha paixão pelos carros de competição

Aviso já que vai ser um post longo, mas interessante, acreditem!!!

Lembrei-me agora porque acabei de ouvir uma música do Phil Collins, que me fez lembrar o circuito de Vila do Conde, o meu preferido!!!

Aos 7 anos de idade, mudei da casa, para a que ainda hoje é a casa dos meus pais, na casa ao lado a garagem era uma oficina de automóveis, mas de competição, a Bastos Sport e foi nesta altura que começou a paixão, não sei se pelo barulho dos motores ser mais acentuado se pelo cheiro a gasolina mais intenso, mas apaixonei-me!!!
Um factor importante foi o facto do dono da oficina, esposa e filhos serem excelentes pessoas, não são família, são mais do que isso, ainda hoje.
A relação era tão boa que nas férias da escola, eu passava os dias na oficina, basicamente chegava as chaves ao mecânicos e ia aprendendo coisas com eles, nas vésperas das corridas ajudava a limpar os carros, nesta altura o mecânico (dono), consagrado, Artur Bastos, preparava os carros de pilotos bem conhecidos, Pedro Lamy, Manuel Gião (Formula Ford) entre outros também importantes do meio automobilistico.
E foi assim até aos 12 anos, altura em que comecei a ir às corridas, convém frisar que algumas contra a vontade dos meus pais, porque havia corridas que coincidiam com a altura de testes na escola e eles só me deixavam ir ao domingo, dia das corridas, embora eu quisesse ir ao sábado também, dia de treinos e ultimas afinações das máquinas. Muitas vezes levava a mochila comigo, alegando que ia estudar de manhã, altura que não se passava grande coisa, mas isso nunca aconteceu para ser sincera!
Braga, Rampa da Falperra, Vila do Conde e Estoril, ia a todas, sentia-me parte da equipa, da Bastos Sport.
O fim de semana de sonho era, e alguns foram, ano 93/94, Circuito (citadino) de Vila do Conde, sábado de manhã, bem cedo, por volta das 7h, assim que ouvia o barulho do portão da oficina a abrir, levantava-me da cama, vestia-me e tomava o pequeno almoço num ápice, para não fazer ninguém esperar, quando chegava cá fora já a equipa estava quase de partida, nesta altura a minha mãe já estava na varanda a reclamar, mas havia sempre alguém que dizia: Deixe-a vir, ela estuda lá! ou ela tem que fazer o trabalho dela!
Chegados ao local da corrida, levavamos os carros às verificações, estas feitas era aguardar pelos treinos cronometrados, que eram da parte da tarde, até lá era confirmar se tudo estava bem nos carros.
Hora de treinos, na altura não havia a "segurança" que há hoje, bastava levar uma chave de rodas na mão que tinha acesso directo às boxes, que não eram mais que uma estrutura metálica com rede, se subisse a tal estrutura via a curva do Castelo, toda a recta da meta e a curva da Praia Azul, mas isto só na corrida, porque nos treinos, eu ficava do lado do Sr. Bastos a apontar os tempos, é que paralelamente à organização da prova ele próprio tirava os tempos dos nossos pilotos bem como dos adversários mais directos, assim durante os treinos podia dar indicações aos pilotos, e fazia-o algumas vezes.
Se tudo corresse bem, no final da tarde, era voltar à oficina, alinhar novamente os carros e verificar se tudo estava bem com as máquinas. Às vezes os pilotos davam uns toques e era preciso fazer trabalho de chapeiro também. Regresso a casa para o merecido descanso, havia mais no dia seguinte.
No domingo era à mesma hora, sempre bem cedo e com o mesmo ritual, erámos quase sempre os primeiros a chegar, algumas vezes nem os comissários lá estavam ainda. A manhã era calma, dava para apreciar o mar, visto ser mesmo ali na praia, durante vários anos a música "ambiente" era sempre a mesma, um cd do Phil a tocar vezes sem conta. Já sentia a adrenalina nas veias, ansiosa pela 1ª corrida.
Chegada a hora de levar os carros para o parque fechado, o coração batia forte.
A 1ª corrida, Troféu Toyota Starlet, iniciação, a piloto, Cidália Freitas, uma mulher que dava cartas na frente da corrida, era o Troféu com mais pilotos, normalmente ela partia entre o 2º e o 4º lugar da grelha, o problema era mesmo na corrida, que os restantes pilotos de tudo faziam para a pôr fora de prova, mas ela aguentava-se e com maior ou menor dificuldade terminava a corrida. Foi ao pódio várias vezes, mas não me lembro de ter ganho alguma corrida. O carro dela ficava sempre danificado, devido aos toques.
A 2ª corrida, Troféu Renault Clio, o piloto, José Araújo, igualmente um excelente piloto, este sim, ganhou várias corridas, foi várias vezes campeão.
A útima corrida do dia, a prova rainha, Troféu BMW M3, o piloto António Rodrigues, um campeão nato, 1º lugar da grelha, logo seguido pelos fortes adversários, os irmãos Petiz. Eram 12 voltas de aflição, em cima das boxes (embora já lá estivesse quase desde a 1ª corrida), aguardando avistá-lo a ser o 1º a fazer a curva do castelo. E era, sempre! Ve-lo passar na recta da meta, ouvir o trabalhar daquele carro, que me arrepiava toda. Ele ganhava sempre, e terminar assim o fim se semana era magnífico.
No regresso a casa, vinhamos numa felicidade, algumas vezes com um escaldão na cara também! Era altura de pensar na próxima corrida!!
Na Rampa da Falperra, só dava para ver os carros a arrancar, não era tão emocionante.
Em Braga, era o meu 2º circuito preferido, dava para ver quase toda a corrida, com excepção de uma ou outra curva.
No Estoril, era sem dúvida o melhor circuito, mas em cima das boxes, via-se a recta da meta de um lado e mais uma ou outra curva do outro lado. A este circuito faltei algumas vezes, é que os meus pais, como tinha que ir à 6ªfeira e passar lá o fim de semana, não achavam tanta piada e não me deixavam ir, chorei muito por isso.
Mas a vez que mais chorei, foi em 93, ia lá estar também a Formula 1, era a minha grande oportunidade de ver ao vivo e a cores, o maior do Mundo, Ayrton Senna, quem sabe até o cumprimentar, como muitos fizeram. E esta era sem dúvida a última oportunidade....

Bem o post já vai muito longo e como não vos quero maçar, num próximo conto os anos seguintes.